quarta-feira, 9 de abril de 2014

Um tremor na terra de ninguém

Astor Piazzolla y su Quinteto Nuevo Tango tocan "Mumuki" en vivo para Radio Caracas Televisión en 1984. [Carlos Fraga El Quinteto Nuevo Tango consta de: Astor Piazzolla - Bandoneón / Fernando Suárez Paz - Violín / Pablo Ziegler - Piano / Oscar López Ruiz - Guitarra Eléctrica / Héctor Console - Contrabajo]

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Simone Lucie-Ernestine-Marie Bertrand de Beauvoir, mais conhecida como Simone de Beauvoir Paris, 9 de janeiro de 1908 — Paris, 14 de abril de 1986, foi uma escritora, intelectual, filósofa existencialista,  ativista política,feminista e teórica social francesa.  De Beauvoir escreveu romances, ensaios, biografias, autobiografia e monografias sobre filosofia, política e questões sociais. De Beauvoir escreveu romances, ensaios, biografias, autobiografia e monografias sobre filosofia, política e questões sociais. https://pt.wikipedia.org/wiki/Simone_de_Beauvoir
Livros:
1943 : A convidada (L'Invitée), romance
1944 : Pyrrhus et Cinéas, ensaio
1945 : O sangue dos outros (Le Sang des autres), romance
1945 : Les Bouches inutiles, peça de teatro
1946 : Tous les hommes sont mortels, romance
1947 : Pour une morale de l'ambiguïté, ensaio
1948 : L'Amérique au jour le jour
1949 : O segundo sexo, ensaio filosófico
1954 : Os mandarins (Les Mandarins), romance
1955 : Privilèges, ensaio
1957 : La Longue Marche, ensaio
1958 : Memórias de uma moça bem-comportada (Mémoires d'une jeune fille rangée), autobiográfico
1960 : La Force de l'âge, autobiográfico
1963 : A força das coisas (La Force des choses),
1964 : Une mort très douce, autobiográfico
1966 : Les Belles Images, romance
1967 : La Femme rompue, novela
1970 : A velhice (La Vieillesse), ensaio
1972 : Tudo dito e feito (Tout compte fait), autobiográfico
1979 : Quand prime le spirituel, romance
1981 : A cerimônia do adeus (La Cérémonie des adieux suivi de Entretiens avec Jean-Paul Sartre : août - septembre 1974), biografia
1992 : Malentendu à Moscou (Mal-Entendido em Moscou)

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Um tremor na terra de ninguém

De um corpo fiz tuas chamas
Da vida uma insaciável devora
Vou na matéria que incandesce
Ao insolúvel rumo do espírito

De um ponto fiz teus gritos
Tão ínfima imponência que ora
Nas órbitas milenares padeço
Numa minúscula gota cósmica  

Num nada no qual te pertenço
Sou um caminho dentre as vidas
Semeio nu na terra de ninguém
Sou o tremor e o pretenso eterno

Caído entre o Diabo e um Deus
Sangro entre o amor e um adeus
Sou o medo da iminente tragédia
Nas muitas maneiras de um morrer

Refino o meu olhar na tua loucura
Desdenho nas infundadas verdades
Entre respostas sou a dor da dúvida
Nela evoluo rumo à lugar nenhum

Me recluso no enigma que te espelhas
Da sua própria insegurança suspeita
Não me resolva nos teus enigmas
Tens no olhar o mistério do insondável

Nos passos, tropeço nos meus pedaços
E em cada desenlace me desconstruo
Tua parte de mim que não desfaço
O encaixe quase perfeito de um vazio

Na aquarela admirável do arco-íris
Entre o que não vejo e acredito
Nas curvas do vento serei a poeira
A girar na inexistência de outro mundo

Depois que a última dor me complete
No ciclo inevitável de uma existência
Estarei nas correntezas das tuas águas
Longe dos teus olhos na curva de um rio

Não haverá o frio, nem tão somente o vazio
Serei um dos grãos esquecidos num tempo
O ressequido do sangue de uma palavra
Na perfeita paisagem de uma lembrança

Ficarei contigo para que não me perguntes
Estarei no invisível das tuas entranhas
Agora sim, sou perfeito em tua memória
Ao teu lado, no caminho de uma saudade

No teu temor na terra de ninguém
Estou onde tudo será lembrança
No vento em que guarda as memórias
Estarei nas tuas dores para te fazer sorrir